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Apple: pense diferente!

27/10/2011 1 comentário

Nas últimas semanas a Apple foi a bola da vez. Com a morte de Steve Jobs, a empresa se tornou o centro das atenções. Foram notícias, histórias, documentários, tudo sobre a vida de Steve Jobs e da empresa que ele fundou e ajudou a construir. Sem dúvida a Apple não se trata apenas de uma marca que produz bons produtos, ela representa muito mais do que isso. Assim como todas as grandes marcas ela possui um arquétipo bem definido: a Apple é Fora-da-lei.

O Fora-da-lei, conhecido também como Revolucionário, sente que está fora de seu tempo. Ele busca mudar a sociedade, mesmo que para isso seja preciso quebrar regras e correr riscos. Assim como esse arquétipo, a Apple contém valores que prometem a revolução. Alguns produtos como o iPod, iPhone e iPad mostram como a marca conseguiu revolucionar todo o mercado com inovação e faz jus ao slogan “pense diferente”.

A última década com certeza foi muito boa para a empresa, foi nessa epoca que seus principais produtos foram lançados. Mas não  é de hoje que Apple carrega esse significado, ela já nasceu Fora-da-lei. A razão dela existir está diretamente ligada a este arquétipo.

Computador pessoal para todos!

A empresa foi fundada em 1976 por Steve Jobs e Steve Wozniak. Os dois jovens apaixonados por inovação criaram a empresa com o objetivo de fazer o primeiro computador pessoal. É verdade que na decada de 70 já existiam alguns computadores pessoais, mas eles não eram nada simples e o usuário tinha que ter um conhecimento considerável em informática para conseguir montar e instalar todo o equipamento antes de usar.

Antes disso, em 1975, Wozniak já tinha levado seu projeto – um computador pessoal que era a evolução de uma sofisticada calculadora que ele tinha construído aos 13 anos – à HP e também à Atari, mas as duas empresas recusaram o projeto. Depois disso, os dois decidiram seguir por conta própria: assumiram os riscos, abandonaram a faculdade e fundaram a Apple na garagem dos pais de Steve Jobs. A missão da empresa era tornar o computador pessoal acessível a todos. Portanto, assim como o arquétipo do Fora-da-lei, a Apple desde seu início prometia a revolução.

Mas foi em 1984 que a Apple mostrou para o mundo seu lado revolucionário. Depois de ter grande parte do mercado nas mãos, a Apple se viu ameaçada pela IBM, uma gigante do ramo de TI. A IBM sempre produziu computadores de grande porte, mas com o novo mercado criado pela Apple se viu no dever de criar seu próprio computador pessoal. Logo que entrou no mercado, os computadores da IBM foram um sucesso. Segundo Steve Jobs, a Apple produzia máquinas superiores, mas como a IBM era uma empresa renomada, os consumidores optavam por ela. A marca transmitia segurança.

Para tentar reverter isso, a Apple recorreu à publicidade. Assista ao comercial que foi ao ar em 1984 no intervalo do Super Bowl:

 

A IBM, que era líder de mercado na época, era associada ao arquétipo do Governante: uma empresa sólida, estável e que tinha o controle do mercado. Portanto, nada melhor do que o Fora-da-lei para tirar o Governante do poder. No comercial, as pessoas são representadas por zumbis uniformizados que não pensavam, apenas seguiam ordens. A Apple era o salvador, que mudaria o mundo para melhor e libertaria as pessoas da opressão e do tédio. O vídeo termina com a seguinte mensagem: “Em 24 de janeiro, a Apple lançará o Macintosh. Aí você verá por que 1984 não será como “1984”.” Uma clara alusão ao livro “1984” de George Orwell, que retrata o cotidiano de um regime político totalitário e repressivo.

Steve Jobs: um líder revolucionário

O maior erro da Apple na história foi demitir Steve Jobs em 1984. A empresa perdeu seu líder visionário que a mantinha como Fora-da-lei. Não é de se surpreender que nos anos que ele ficou afastado a empresa parou de inovar e passou a seguir o fluxo, fazendo o mesmo que as outras companhias já faziam. Em 1997 a Apple já havia perdido completamente o mercado: com share de apenas 3% a companhia estava à beira da falência. Nesse mesmo ano, Steve Jobs retorna com a difícil missão de salvar a empresa.

Sobre esse assunto, me lembrei de um artigo do Huffington Post, que li outro dia, que compara a trajetória de Steve Jobs com a jornada do herói. “Steve Jobs não teve sucesso apesar do seu fracasso, ele teve sucesso porque fracassou”. Uma história de determinação e persistência. Vale a pena ler.

Steve Jobs, Joseph Campbell and the Myth of the Hero

Aqui eu vou me concentrar apenas na imagem de Fora-da-lei construída pela marca Apple. Nesse sentido, Jobs teve um papel fundamental, ele foi o líder revolucionário da empresa. Coincidência ou não, no mesmo ano que Steve Jobs reassumiu o comando da empresa, a Apple colocou no ar uma campanha que é uma verdadeira obra-prima do Fora-da-lei. Resume perfeitamente o desejo desse arquétipo. Nela aparecem algumas personalidades que foram taxadas de loucos na sua época, mas que fizeram a diferença e deixaram sua marca no mundo. Veja o vídeo:

 

“As regras foram feitas para serem quebradas”

Ter um grande líder pode não ser suficiente, ainda assim é preciso algo mais. A Apple é um case perfeito, porque também desenvolveu toda sua cultura organizacional voltada para este arquétipo, com ênfase na invenção, na informalidade, na ausência de sinais visíveis de status e outras ressonâncias da contracultura. A estrutura da empresa sempre deu pouca importância à hierarquia e buscou privilegiar a criatividade, ambiente perfeito para romper as barreiras do impossível. Só assim foi possível criar produtos inovadores e inimagináveis.

Em 2007, na apresentação do primeiro iPhone, é possível ver claramente no discurso de Steve Jobs o objetivo da Apple. A empresa busca chocar, impressionar e derrubar regras, conceitos e paradigmas existentes. Veja o vídeo abaixo:

 

A Apple conseguiu revolucionar. Primeiro com o Macintosh em 1984, depois com o iPod em 2001 e nos últimos anos com o iPhone e com o iPad. Em todas essas revoluções, Steve Jobs estava presente. É indiscutível sua importância para Apple. Será que a empresa continuará sendo uma autêntica Fora-da-lei sem ele?

Categorias:Apple, Marketing